resenha

A fauna de Marte, por Moebius

Jean Giraud – ou Moebius — nasceu em Nogent-sur-Marne, na França, em 1938. Começou sua carreira como artista de quadrinhos aos 18 anos, e tornou-se conhecido ao desenhar a série de faroeste Blueberry. Em 1963, Jean Giraud dá vida a seu pseudônimo Moebius na revista Hara Kiri, onde publica diversas histórias. Em 1974, ajuda a criar a revista de fantasia e ficção científica Métal Hurlant, o que aumenta sua fama mundial, emplacando histórias fantásticas e personagens memoráveis, como o Major. 

Como Moebius, o artista francês também colaborou em diversos filmes de ficção científica, como Alien (1979), Tron (1982) e O Quinto Elemento (1997). O artista faleceu em 10 de março de 2012, em Paris. Aqui no Brasil o trabalho de Moebius já foi publicado por várias editoras e recentemente foi reeditado pela Editora Nemo, na Coleção Moebius.

Jean Giraud Trabalhando em seu estúdio

Sobre “A fauna de Marte”

Um caderno de fantasia de animais encontrados em Marte. Esse foi um dos últimos trabalhos de Moebius, uma espécie de sketchbook, de edição limitada em 2011. O livro se chamou “La faune de Mars” e trouxe observações do personagem Major a cerca dos animais marcianos.

Texto retirado da contracapa:

“Todo mundo agora sabe que o planeta Marte é estéril. Robôs, equipados com pequenas pás de controle remoto, estão sendo enviados para lá com grandes custos, e eles estão cavando o solo teimosamente na esperança de descobrir fósseis enrolados com bactérias antigas.

“Achei mais simples e menos caro em termos de investimento tecnológico pegar um caderno em branco e deixar a caneta correr no papel, um traço sonhador e aleatório. É claro que esse método de outra época está longe de fornecer as garantias científicas exigidas em qualquer comunicação oficial, e nem tentei obter um artigo na Sciences & Vie.

“Este caderno existe no entanto, e as estranhas criaturas que povoam suas páginas existem com ele e nele.”

— Le Major — aliás Moebius

A Moebius Productions lançou recentemente dois sketchbooks de Moebius publicados em 2011 e que eram pouco conhecidos: The Fauna of Mars e Major. Eles eram relativamente caros e rapidamente inacessíveis. É uma boa notícia vê-los reeditados em uma versão maior e aumentada. Infelizmente, não há previsão de publicação no Brasil.

No livro A Fauna de Marte, temos desenhos coloridos e também em preto e branco, bem soltos, o traço do mestre à serviço de um delírio para engendrar animais.

Cada criatura é acompanhado por um pequeno personagem que dá uma escala humana, tema que remonta aos seus primeiros trabalhos. O mais belos são os coloridos.

Eu amo esse lado caótico e indefinível. Eu aceito aquilo que eu sou. Eu não desejo ser outro alguém nem me conformar em um ideal pré-fabricado. É o resultado de um processo que escapa largamente na análise exterior, de fato, às vezes, na análise que eu posso fazer do interior! Mas é minha única maneira de existir. Minha identidade.

Moebius, em 2007, para o jornal “L’Express”

Sobre a influência da cultura norte-americana…

Eu tenho sempre me banhado ali dentro: quando eu desenhava o western ou a ficção científica, eu me divertia com os mitos americanos. Eu sou um puro produto da penhora cultural do mundo anglo-saxônico sobre o planeta – mesmo se eu tento tirar o meu alfinete do jogo e afirmar minha especificidade. Para os europeus, meu trabalho é exógeno, para os americanos também: eu faço western francês que se desenrola nos Estados Unidos. Blueberry é francês? Ele é americano? De fato, eu sou de nenhuma parte, no where. Sim, é isso: eu sou de Nowhere City!

Moebius, em 2007, para o jornal “L’Express”

Sobre envelhecer, viver e continuar trabalhando…

De modo muito ordinário: eu tomo o metrô, o ônibus, eu faço uso da bicicleta, do patinete, eu tenho meu carro, eu pago meus impostos, eu saio de férias, eu tento falar a minhas crianças, eu tenho uma vida em família, não forçadamente genial, mas não mais desastrosa. Não é o nirvana, não mais o inferno. Profissionalmente eu devo me desordenar. Eu vejo chegar uma jovem geração esfomeada de ser. Sua violenta vontade de existir me obriga a me reprogramar permanentemente, para permanecer vivo.

Moebius, em 2007, para o jornal “L’Express”


O livro todo é um deleite visual, com a imaginação de Moebius a explorar formas e texturas.

Fontes:

https://blueberrybr.blogspot.com/2017/01/jean-giraud-moebius-hq-tem-necessidade.html

https://www.li-an.fr/bouquins/faune-mars-moebius-moebius-production/

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